Feira do Livro 2016

Quadrinistas Eloar Guazzelli e Arnaldo Branco conversam com alunos do Ensino Médio



Conversa com Arnaldo Branco e Eloar Guazzelli
Por Daniela Castro | 30 de abril de 2016

Os quadrinistas Eloar Guazzelli e Arnaldo Branco participaram, no dia 30 de abril, da 33ª edição da Feira do Livro do Colégio Miguel de Cervantes. O gaúcho Eloar, roteirista e ilustrador da adaptação em HQ da obra Kaputt, de Curzio Malaparte, palestrou ao lado de seu amigo e parceiro de trabalho, Arnaldo Branco. O segundo é o roteirista da graphic novel baseada no clássico Vidas Secas, de Graciliano Ramos, produzida em conjunto pelos autores, sendo Guazzelli o ilustrador.

A palestra foi introduzida pelas professoras de Produção de Texto do Ensino Médio, Mérope Bernacchi e Lilian Lisete, que explicaram brevemente o trabalho desenvolvido pelos alunos dos 2º e 3º anos envolvendo ambas HQs durante esse primeiro trimestre. No caso do terceiro ano, o processo de estudo da obra Kaputt: graphic novel resultou em um concurso de resenhas críticas, cuja premiação aconteceu no início desse encontro.

Após a premiação, Arnaldo começou sua fala tratando sobre o trabalho em relação a Vidas Secas e falando sobre o processo de adaptação e criação da obra. O autor deu ênfase ao desafio que foi fazer recortes em um texto já bem claro e conciso, brincando que se sente um açougueiro ao ter que cortar pedaços de uma obra maravilhosa. Finalizou sua fala elogiando as ilustrações do companheiro Guazzelli, mencionando o impacto visual de seus desenhos e as distintas leituras que eles proporcionam.

Mantendo um tom sempre descontraído, Eloar Guazzelli iniciou falando brevemente sobre a experiência de composição da HQ de Vidas Secas, sobre como ele não quis se basear no filme para desenhar, e firmando que foi um processo muito denso e duro. “Eu desenhei com raiva”, afirmou o quadrinista. Esse reforçou que tal adaptação, para ele, foi até mesmo mais pesada e intensa que a de Kaputt, a qual se passa durante a 2ª Guerra Mundial. Apesar disso, afirma que a obra não deixa de ter algo de maravilhoso: a felicidade da liberdade que as personagens têm em serem crianças.

O tempo restante foi disponibilizado para que os estudantes, que se mostraram bastante interessados em saber mais, direcionassem perguntas aos quadrinistas. A fila de alunos curiosos por respostas foi maior que o esperado, e o simpáticos palestrantes agradeceram a qualidade dos questionamentos feitos. Infelizmente, a maioria das perguntas não pôde ser respondida devido à falta de tempo.

As perguntas que puderam ser feitas aprofundaram ainda mais os temas abrangidos, trazendo à tona diversas novas questões, dentre as quais o preconceito existente em relação a adaptações em quadrinhos.

A aluna Victória Tzung, do 3º EM, reconheceu que 1 hora foi pouco, mas que isso não interferiu na qualidade da conferência. “Ficou evidente a falta de tempo, e gostaria que eles tivessem falado um pouco mais sobre a obra que estudamos, Kaputt. Ainda assim, a palestra foi muito interativa e cativante”, disse. Já o aluno Pedro Brendim, do 2º EM, acredita que os autores esclareceram muitas dúvidas e que, no geral, foi uma palestra muito interessante.